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Brasil tem 1,5 milhão de trabalhadores de aplicativos, revela IBGE

Notícias - 27, outubro, 2023

No Brasil, até o final de 2022, havia 1,5 milhão de trabalhadores de aplicativos como Uber, Rappi e iFood. Além disso, outras 600 mil atuavam em plataformas de comércio eletrônico (como Shopee e Mercado Livre), totalizando 2,1 milhões de trabalhadores brasileiros em plataformas digitais. As informações foram reveladas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na mais recente na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).

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Todas as estatísticas fazem parte do módulo Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais da PNAD Contínua e o instituto reforça que a pesquisa ainda tem caráter experimental e segue sob avaliação.

A metodologia considerou como trabalhador plataformizado toda pessoa que usa uma ferramenta digital de serviços para exercer o trabalho, como motoristas, entregadores de apps e operadores de lojas virtuais em plataformas de e-commerce, e afirmou que essa era a principal atividade laboral durante a semana da pesquisa, no último trimestre de 2022. Das 87,2 milhões de pessoas empregadas no setor público, 2,1 milhões usavam os canais digitais.

Motoristas dominam as estatísticas

A pesquisa revela que 81,3% dos trabalhadores de plataformas digitais são homens, dos quais 61,3% possuem ensino médio completo ou superior incompleto como grau de instrução. A faixa etária predominante envolve o grupo de 25 a 29 anos de idade, que engloba quase metade dos entrevistados (48,4%).

Com relação ao tipo de serviço usado, os aplicativos de transporte de passageiros, como Uber e 99, dominam o cenário com folga com 47,2% dos profissionais — a conta ainda exclui motoristas exclusivos de aplicativos de táxi, como cooperativas, que ocupa uma parcela de 13,9% do total.

Logo em seguida estão as pessoas cadastradas em aplicativos de entrega de comida e outros produtos, como iFood e Rappi, com 39,5%. A quarta maior categoria envolve apps de prestação de serviços, com 13,2%.

É interessante notar a predominância masculina nesses serviços ao considerar que os homens ocupam apenas 59,1% dos trabalhadores no setor privado. De acordo com o analista da pesquisa Gustavo Geaquinto, em declaração à agência de notícias do IBGE, isso ocorre porque as ocupações de condutores de automóveis e motocicletas seriam “majoritariamente masculinas”.

Diferença por região

A região Sudeste possui a maior concentração de pessoas ocupadas em plataformas digitais, com 2,2% do setor privado. A menor adesão fica por conta de Nordeste e Sul, cada um com 1,3% cada.

Na divisão pelo tipo de serviço, a região Norte possui a maior parcela de trabalhadores em aplicativos de transporte particular, bem acima da média brasileira, enquanto a região Sul concentra uma fatia maior de entregadores de comida e produtos.

Profissionais de apps trabalham mais

Em média, quem trabalha com aplicativos tem jornadas mais longas do que o padrão do trabalhador privado. A pesquisa revela que os plataformizados trabalham por 46 horas semanais, enquanto a parcela do setor privado é de 39,6 horas.

Além disso, o segmento de apps tem apenas 35,7% das pessoas contribuindo para a previdência contra 60,8% do setor privado.

O rendimento semanal médio é ligeiramente maior na parte de serviços digitais: R$ 2.645 contra R$ 2.510 no setor privado. No entanto, isso vem com o preço de jornadas maiores: “Essa diferença nas horas trabalhadas também pode explicar a diferença de rendimento. Se considerarmos o rendimento por hora trabalhada, os trabalhadores plataformizados apresentam, em média, rendimento hora inferior ao dos demais ocupados”, aponta Geaquinto.

Trabalhadores em plataformas digitais podem ganhar mais, mas passam mais horas durante a jornada laboral (Imagem: Reprodução/IBGE/PNAD Contínua)
Trabalhadores em plataformas digitais podem ganhar mais, mas passam mais horas durante a jornada laboral (Imagem: Reprodução/IBGE/PNAD Contínua)

O estudo ainda traz informações sobre a rotina de trabalho para plataformizados e não plataformizados em cada segmento. No caso dos motoristas de aplicativos, o rendimento médio é muito parecido, mas os cadastrados em apps trabalham mais horas e contribuem menos para a previdência.

Já entre os entregadores por motocicleta, o rendimento é maior para os que atuam fora de apps. No entanto, não é possível apurar a oferta total de trabalho disponível fora dos serviços digitais para a categoria.

Informalidade domina

A falta de vínculo empregatício é uma questão recorrente entre trabalhadores de aplicativos e foi sinalizada na pesquisa: 77,1% dos entrevistados afirmaram trabalhar por conta própria, enquanto apenas 5,9% possuíam um emprego com carteira assinada. Para efeito de comparação, 44,2% dos profissionais no setor privado atuavam na informalidade.

O cenário é um dos desafios apontados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que aponta que os serviços digitais possuem “importante controle sobre a organização e a alocação do trabalho e sobre a remuneração dos trabalhadores”, o que implica na ausência de seguridade social e direitos trabalhistas. Por outro lado, a OIT reforça as oportunidades para gerar renda e alcançar novos mercados.

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